Se fosse possível numa cidade
“garimpar-se música”, Quelimane, não só pelos palmarés e por se ter
transformado pelo ritmo e dança num “pequeno Brasil”, podia candidatar-se. Foi
naquela cidade onde, a 22 de Abril de 1996, Ney Gany, Dolly Gany, Cangão Monteiro,
Chandu Biriba, Constantino (falecido), Iracema, Fizó, Neyde e Edito inventaram
Os Garimpeiros constituído actualmente por 5 elementos, Ney Gany, Dolly
Gany, Cangão Monteiro, Pappy Miranda e Euridse Jeque, Os Garimpeiros, mesmo
tocando todos os ritmos, fariam do zouk a sua praia. Fariam com que a música
soprasse do Centro do país e se tornasse numa das referências da música jovem.
Agora, com toda a maturidade que se pode dar a uma verdadeira banda, Os
Garimpeiros aparecem no “Music Box Live” de hoje, às 22h00, na STV, para um
espectáculo.
Quando
passam 15 anos depois da sua criação, a banda parece ter conseguido o propósito
da sua criação: revolucionar a música zambeziana como justificou Ney Gany.
“Quando
fundámos a banda, tínhamos como objectivo revolucionar a música zambeziana,
trazendo à sociedade os assuntos relevantes que possam contribuir para
o seu bem-estar, veiculando os problemas, o sentimento afectivo, a alegria do
povo.”
A
entrevista que tivemos com Ney Gany, o rosto dos convidados do “Music Box Live”
de hoje, foi-nos levando para essa preocupação social e a sua
realização como banda, para além desse sentimento ímpar de fazer parte deste
evento.
Por
que a música e não uma outra forma para chegar a esse povo?
Por
que não tínhamos como fugir dela. Trata-se de um dom de família. Os elementos
que fazem parte dos Garimpeiros são filhos de músicos, que em seus tempos
marcaram a Zambézia.
Hoje,
15 anos depois da criação da banda, pode-se escolher momentos marcantes?
Foram
vários momentos. Uma das marcas é a nossa primeira viagem, num Cross Roads, em
1999, onde concorremos com músicos de todas as províncias do nosso país e
outros da SADC, e ficámos em 3º lugar. Em 2001, lançámos o nosso primeiro Cd,
intitulado “Mar de Sensações” pela J&B Recording, com a co-produção do
músico angolano Yeyé. Já fomos considerados a melhor Banda do Ano; Melhor Voz e
melhor música. Ficou também em nossas memórias a viagem que fizemos por todo o
país em espectáculos, colhendo na fonte o calor dos fãs.
Quais
são os planos da banda?
Neste
momento, existe um Cd já gravado, com o master concluído, estamos à procura de
uma editora para sua edição. Por outra, havendo parceiros, pensamos fazer uma
edição independente. Depois da edição do referido Cd, pretendemos gravar um DVD
com os temas que fizeram maior sucesso.
Como
se definem como banda?
Como
banda definimo-nos como jovens humildes, trabalhando em prol da cultura
zambeziana vs moçambicana, buscando a preciosidade do garimpo.
Quando
é que a banda começa a sentir que está a fazer sucesso?
O
1º sucesso da banda foi aquando do lançamento do 1º Cd, e depois no 2º e 3º.
Daí, a nossa editora fechou e até então não voltamos a editar, somente fizemos
alguns vídeos e espectáculos.
De
que depende a realização da banda?
A
nossa realização depende mais de oportunidades. Pois as outras ferramentas nós
já as temos, tais como música, talento, dedicação, humildade e
responsabilidade.
O
que impulsiona o grupo a continuar na música?
O
que nos impulsiona a continuar na música é o vulcão que existe dentro de nós,
querendo sempre soltar suas lavas para fora, é como uma nascente de água que
nunca seca, que se transforma em rios, mares, que anseiam desaguar em oceanos.
A ideia é seguir em frente, contornando os obstáculos como a água contorna os
obstáculos que encontra e toma a forma do lugar por onde passa. Acima de tudo,
sentimos muita responsabilidade pelos fãs, pessoas que nos encorajam para nunca
parar.
Quais
são as vossas perspectivas na música?
Nossas
perspectivas: levar a nossa música ao topo da parada, continuar a romper as
fronteiras levando o melhor da música moçambicana. Garimpar, garimpar, garimpar
até lapidar o garimpo que existe em nós.
Em
que banda internacional se inspiram?
Os
compositores têm inspiração própria, gostam do estilo de Lokua Kanza, Michael
Jackson, Monique Seka e Ivete Sangalo.
O
que acha da ideia da STV, de promover espectáculos em banda?
É
uma iniciativa de alto relevo, criada no momento certo, por pessoas sérias, que
vão levar a música moçambicana a um porto seguro. A STV está de parabéns.
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